A Educação Física, juntamente com seus
conteúdos, busca fazer com que os alunos reflitam de forma crítica sobre suas vivências
corporais. Devemos pressupor que a
educação é sempre um processo onde se desenvolvem ações comunicativas. Dentro
da concepção pedagogia Crítico-Emancipátoria, segundo Kunz (2010), a atuação do
professor de educação física deve-se preocupar para uma ação solidária e
cooperativa, onde os alunos tenham compreensão dos diferentes papéis sociais
que o esporte assume, fazendo com que os alunos sejam preparados para assumir estes papéis e
entender os outros em papéis diferentes.
Com isso a pedagogia Crítico Emancipatória favorece
o processo de aprendizagem dos alunos, principalmente no
aspecto do diálogo entre professor/aluno e aluno/aluno, pois
esta concepção valoriza nas interlocuções,
ou seja, nas aulas, as competências: objetiva, social e comunicativa,
favorecendo uma maior autonomia dos alunos.
Na Competência
Objetiva os alunos precisam receber conhecimentos específicos do saber humano,
em especial da cultura do movimento, para agir com autonomia frente aos problemas emergenciais. (KUNZ, 2005). Para tanto, cabe ao professor criar
situações-problemas, onde os alunos sejam desafiados, a fim de, conhecer suas
possibilidades e desenvolver suas potencialidades, sem necessariamente fazer uso
de uma técnica especifica. A abordagem Crítico-Emancipatória sugere uma
educação emancipadora, ponderada para a cidadania e distante da mera
instrumentalização técnica para o trabalho. (KUNZ, 2010).
Na
Competência Social os alunos devem superar os problemas
e conflitos do contexto em que estão inseridos,
contribuindo para um agir solidário e cooperativo nas
relações entre colegas e professores. (KUNZ, 2005). A interação social acontece em toda
ação coletiva de ensinar e aprender, onde cabe ao educador trabalhar de forma
crítica, valorizando a coletividade, cooperação e participação dos alunos.
(KUNZ, 2010). No caso específico do
esporte, deve atuar no sentido de combater diferenças e discriminações, por
exemplo, futsal é para homens e voleibol é para mulheres, reflexo de nossa
histórica e presente sociedade machista, enfim, deverá contribuir para um agir
solidário e cooperativo.
Já na
Competência Comunicativa os alunos devem se comunicar e
entender os outros, por meio da reflexão crítica, através das linguagens
corporais. (KUNZ, 2005). Logo, a linguagem é
essencial para se constituir uma relação dialógica com os alunos, onde os
mesmos se sintam sujeitos participativos.
“É no próprio exercício da palavra que se
aprende a compreender”. (KUNZ, 2006, p. 41). Assim, a linguagem no esporte
não é apenas a linguagem que se expressa pelo se movimentar dos participantes,
mas o próprio falar sobre as experiências e os entendimentos do mundo dos
esportes. Enfim, através da comunicação
oportunizar ao aluno, a ler, interpretar e criticar o fenômeno sociocultural do
esporte.
Porém, analisando as interlocuções pautadas
na abordagem de Ensino Crítico-Emancipatória, possibilitará ao professor
identificar e empregar durante todo o processo as competências: objetiva,
social e comunicativa, nas quais não são desenvolvidas de forma fragmentada, ou seja, uma a
uma de cada vez, mas sim de forma espiralada, onde serão vividas durante todas as
interlocuções, ampliando novas ações, assim como a cultura de movimento, a
interação e as linguagens, transformando a cultura de movimento dos alunos.
REFERÊNCIAS
KUNZ, Elenor. Pedagogia
Crítico-Emancipatória. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo
Evaldo. (Orgs). Dicionário critico de Educação Física. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005.
p. 316-318.
KUNZ, Elenor. Transformação
Didático- Pedagógico do Esporte. Ijuí: Editora da Unujuí, 2010.
KUNZ, Elenor. Transformação
didático-pedagógica do esporte. 7. ed. Ijuí: Unijuí, 2006.