Jocimar Daolio em seu livro Educação Física e
o Conceito de Cultura analisou também a cultura de Valter Bracht que participou
como autor da coletânea Metodologia do ensino de educação física, de 1992, onde
estruturou a abordagem crítico-superadora. Entretanto, em duas coletâneas de
textos de sua autoria, o autor desenvolveu alguns conceitos relevantes para a
área, diferenciando-o daquela abordagem. Com coletâneas Educação física e aprendizagem social,
publicada em 1992, e Educação física & ciência: cenas de um casamento
(in)feliz, de 1999, que reuniram textos do autor produzidos desde a segunda
metade da década de 1980 e ao longo da década de 1990.
Valter Bracht coloca-se claramente ao lado daqueles que
entendem que a educação física não é ciência e nem deve constituir-se em nova
ciência, pelo fato de ser uma prática pedagógica, embora, como prática
pedagógica, esteja interessada e necessite de explicações científicas que a
fundamentem.
LIVRO DE JOCIMAR DAOLIO
Bracht aprofunda nos textos mais recentes a discussão a respeito da dimensão simbólica, o autor defronta-se com a tarefa de conciliar a ambigüidade presente no saber próprio da área: ser um saber fazer ou ser um saber sobre esse saber fazer.
Bracht aprofunda nos textos mais recentes a discussão a respeito da dimensão simbólica, o autor defronta-se com a tarefa de conciliar a ambigüidade presente no saber próprio da área: ser um saber fazer ou ser um saber sobre esse saber fazer.
Para Daolio a discussão de Valter Bracht toma corpo a
partir da discussão de que o objeto da educação física é a cultura corporal de
movimento. Nesse conceito, o movimentar-se humano é compreendido como forma de
comunicação com o mundo. E uma linguagem que, portanto, se refere ao mundo do
simbólico. Segundo o autor, "[...] o que qualifica o movimento enquanto
humano é o sentido/significado do mover-se, sentido/significado mediado
simbolicamente e que o coloca no plano da cultura" (1999, p. 45).
Para fugir do risco de uma dicotomia entre o pensar e o
fazer, ou entre a mente e o corpo ou, ainda, entre a natureza e a cultura,
Valter Bracht afirma que uma educação física crítica deve preocupar-se com a
educação estética, com a sensibilidade, com a incorporação de normas e valores,
juntamente com o entendimento racional da cultura corporal de movimento. O
autor deixa o desafio para a área, afirmando: "[...] nem movimento sem
pensamento, nem movimento e pensamento, mas, sim, movimento pensamento” (idem,
p. 54).
Daolio vê que a admissão da discussão da cultura por Valter
Bracht é muito positiva para a educação física e muito me aproxima do autor.
Para Daolio sem dúvida, Bracht é um dos principais autores contemporâneos que
estão aprofundando essa discussão na área. Entretanto, acredita que sua
compreensão de antropologia esteja mais vinculada à vertente filosófica do que
à social. Aliás, quando a antropologia social Bracht reconhece a diferença
entre os humanos, sua singularidade, ela o faz a partir das manifestações
culturais e não da natureza biológica. A partir da antropologia social, entre
culturalizar o corpo e torná-lo semelhante ou desculturalizar o corpo e
reduzi-lo à diferença, Daolio optaria por culturalizar o corpo e torná-lo
diferente.
REFERÊNCIAS
BRACHT, Vatter (1992). Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre, Magister.
DAOLIO,
Jocimar (1995). Da cultura do corpo. Campinas, Papirus.
DAOLIO, Jocimar. Educação física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados (Coleção polémicas do nosso tempo). 2004.
DAOLIO, Jocimar. Educação física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados (Coleção polémicas do nosso tempo). 2004.
ajudou mtt obg
ResponderExcluir