segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A "CULTURA" NO COLETIVO DE AUTORES



Jocimar Daolio em seu livro Educação Física e o Conceito de Cultura analisou o livro Metodologia do ensino de educação física, de 1992, uma das obras com maior repercussão na área nos anos de 1990 e que cunhou a denominação "crítico-superadora" para essa abordagem. Foi escrito por um Coletivo de Autores composto por Carmen Lúcia Soares, Celi Nelza Zúlke Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino Castellani Filho, Micheli Ortega Escobare Valter Bracht.
Daolio vê na abordagem uma certa deficiência no trato da expressão "cultura corporal", pois os autores falam dos jogos, esportes, danças, exercícios ginásticos etc. como "[...] formas de representação do mundo que o homem têm produzido no decorrer da história" (idem, p. 38). Afirmam também que "[...] os temas da cultura corporal, tratados na escola, expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/ objetivos do homem e as intenções/objetivos da sociedade" (idem, p. 62). 
Para o autor essas afirmações parecem extremamente pertinentes para a discussão cultural num processo educativo, porém, mostram-se insuficientes para garantir a plena valorização dos aspectos simbólicos das condutas humanas, aspectos estes que muitas vezes se apresentam inconscientes para os próprios atores sociais, além de serem diferentes de grupo para grupo, de bairro para bairro, de cidade para cidade.
Daolio aponta que os autores apresentam uma determinada proposta metodológica de educação física centrada nos interesses da classe trabalhadora ou das camadas populares. Além disso levanta questionamentos: Mas como definir os conteúdos do ponto de vista da classe trabalhadora? Quais seriam esses conteúdos? Quem iria defini-los? Como saber se os conteúdos estão sendo desenvolvidos dentro dos valores explicitados? Os alunos da classe dominante teriam outra educação física? Os conteúdos que não são interessantes do ponto de vista da classe trabalhadora seriam desconsiderados? Há uma cultura corporal da classe trabalhadora e outra da classe dominante?
Para Daolio, parece simplista achar que todas as diferenças entre os seres humanos acabariam após a transformação da sociedade rumo a um mundo socialista. Da mesma forma que parece simplista considerar que as diferenças ocorrem somente entre as classes sociais e não no interior de cada classe social.

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